Chalet da Condessa d'Edla | Figuras que marcaram a sua história
- ph3020
- May 30
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D. Fernando e a Condessa d’Edla: uma história de amor
Após a récita da ópera de Verdi, «Um Baile de Máscaras» em 1860, D. Fernando e Elise apaixonam-se. Este amor foi publicamente criticado, mas revelou-se forte e duradouro.
Após quase uma década de relacionamento, D. Fernando e Elise casaram, a 10 de junho de 1869, não sem escândalo e crítica. A viabilidade do enlace foi assegurada pelo Duque de Saxe-Coburgo, Ernesto I, ao conceder o título alemão de Condessa d’Edla a Elise Hensler.
A nível familiar nunca foi aceite, criando mesmo momentos de tensão. É neste contexto que acabaram por se refugiar em Sintra, isolando-se e dedicando-se ao projeto da Pena. O casal tinha muito em comum, nomeadamente, um gosto particular por botânica, dedicaram-se à plantação de espécies oriundas de todo o mundo, ampliando deste modo o arboreto da Pena. Em conjunto planearam a construção do Chalet, desenhado pela própria Condessa.
D. Fernando II (1816-1885)
Fernando Augusto Francisco António Kohary de Saxe Coburgo e Gotha, nasceu a 29 de outubro de 1816, em Viena, na Áustria. Homem de elevada cultura recebeu uma educação humanista, onde a literatura e as artes desempenharam um papel fundamental ao longo da sua vida. Tinha especial apreço por música, desenho, botânica e línguas sendo fluente em alemão, húngaro, francês, inglês, espanhol, italiano e português.
Em 1836, chegou a Portugal para se casar com a Rainha D. Maria II. Segundo o contrato nupcial ficou acordado que D. Fernando só receberia a dignidade de Rei-Consorte, após o nascimento do primeiro filho varão. Foi-lhe atribuído o cargo marechal-general do Exército em 1836 mas devido ao insucesso acabaria por se dedicar às artes e à cultura, enquanto patrono, colecionador e artista, conferindo-lhe o cognome de Rei-Artista.
A morte da Rainha D. Maria II, em 1853, afetou-o profundamente. As cartas redigidas nos tempos de luto revelam a sua ligação afetiva à Rainha e a devoção mútua que entre ambos existia, como testemunham as palavras escritas à rainha Vitória de Inglaterra: «esses grandes afetos quando são quebrados deixam para trás um vazio terrível e uma dor difícil de curar». Assumiu o papel de tutor dos príncipes, garantiu a manutenção da organização da vida no Paço para minorar o sentimento da perda da mãe e assegurou a regência na menoridade do príncipe herdeiro, proporcionando uma transição suave quando este assumisse o trono. Com o objetivo de garantir uma continuidade serena da vida da corte, manteve as cerimónias e reuniões habituais. Um dos pontos altos da vida social de Lisboa era a abertura da temporada lírica no Teatro de São Carlos, no dia do seu aniversário, onde conheceu Elise Hensler.
Elise Hensler, Condessa d’Edla (1836-1929)
Elise, de origem suíço-alemã, nasceu a 22 de maio de 1836, perto de Neuchâtel, na Suíça. Aos doze anos, emigrou com os seus pais para Boston, nos Estados Unidos da América. Recebeu uma educação cuidada, não faltando o cultivo das artes e das letras. Os seus estudos orientaram-na para o bel canto, completou a sua formação na Europa e integrou a Companhia de Ópera de Laneuville. Chegou a Portugal por volta de 1860, estreou-se no Teatro de São João, no Porto, e em outubro do mesmo ano no Teatro de São Carlos, em Lisboa. Além de cantora e atriz, foi música, ceramista, pintora, arquiteta e floricultora, entre outras artes.
Algumas datas Importantes
1853 - D. Maria II morre na parto do 11.º filho. D. Fernando assume a regência até à maioridade de D. Pedro V.
1860 - D. Fernando e Elise Hensler conhecem-se numa récita no Teatro de São Carlos, em Lisboa.
1864-69 - Início do projeto de construção do chalet e plantação do Jardim da Condessa.
1869 - Casamento de D. Fernando II com Elise Hensler, Condessa d’Edla.
1885 - D. Fernando morre e deixa, em testamento, o Parque e Palácio da Pena à Condessa d’Edla.
1890 - A Condessa d’Edla vende a propriedade da Pena ao Estado Português, beneficiando do direito de usufruir do Chalet e Jardim envolvente.
1904 - A Condessa d’Edla prescinde do direito de beneficiar do Chalet e Jardim envolvente.
1911 - Em sequência da Implantação da República (1910), o Parque e o Palácio são separados e integrados em ministérios diferentes.
1995 - A Serra Sintra é classificada enquanto Património da Humanidade pela UNESCO, na categoria de Paisagem Cultural. Iniciou-se o Plano de Recuperação do Parque da Pena, interrompido pouco depois.
1999 - Um incêndio praticamente destruiu o chalet.
2007 - A Parques de Sintra - Monte da Lua, S.A. iniciou a recuperação do edificado e do jardim.
2013 - O projeto foi distinguido com o Prémio da União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra, na categoria de Conservação.
