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Gestão Florestal com Visão de Futuro: A Serra de Sintra para as Próximas Gerações

Entrevista com Diogo Sousa Pinto

Eng. Florestal da Parques de Sintra




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A Parques de Sintra tem assumido um papel pioneiro na gestão florestal da Serra de Sintra, desenvolvendo um trabalho contínuo de reabilitação e renaturalização dos espaços, aliado a uma visão estratégica de longo prazo, com planos de intervenção a vinte anos. Para o Eng. Diogo Sousa Pinto, a primeira prioridade passa sempre pelo controlo das espécies invasoras lenhosas, em especial a acácia, cuja proliferação descontrolada compromete o desenvolvimento das espécies autóctones, degrada habitats e ecossistemas e aumenta drasticamente o risco de incêndio florestal. Desde 2008-2009, a Parques de Sintra implementa uma metodologia integrada de corte, remoção e aplicação localizada de químicos, aliada ao arranque manual em zonas sensíveis, o que tem permitido resultados visíveis na recuperação de áreas emblemáticas.


A gestão florestal aposta igualmente na promoção das espécies locais — como carvalhos, medronheiros e castanheiros — e recorre ao coberto existente de pinhais e eucaliptais como uma proteção temporária, criando a sombra e a humidade necessárias ao crescimento das espécies nativas. “Temos já casos de sucesso em propriedades onde, após anos de controlo do acacial, começam a surgir manchas de floresta autóctone robusta”, refere.


A prevenção de incêndios é uma preocupação central, assente em faixas de gestão de combustível, limpeza de material seco e aquisição estratégica de terrenos para criar zonas de segurança. Após a tempestade Martinho, que derrubou cerca de 90 mil árvores, a intervenção seguiu um planeamento faseado, com prioridade à desobstrução de caminhos e redução de carga combustível, evidenciando a complexidade logística da gestão de grandes volumes de material e a necessidade de uma resposta sustentável.


Ciente da forte ligação da comunidade à Serra de Sintra, Diogo Sousa Pinto sublinha a importância da comunicação transparente. A Parques de Sintra tem reforçado a sua presença junto do público, através de sinalização em campo, apresentações anuais e uma gestão certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), que garante rigor técnico e transparência em todas as operações. “Muitas vezes a resistência resulta da perceção: onde nós vemos resíduos, o público vê uma mancha verde. Cabe-nos explicar o que fazemos e porquê.”


Entre os projetos inovadores, destaca-se o Mel da Condessa d’Edla, que recupera a tradição apícola de 1877, integrando apicultores locais num modelo de economia circular. Para além da produção de mel multifloral, este projeto reforça a vigilância e a manutenção do território e contribui para a proteção das populações de abelhas, ameaçadas por fatores como a vespa asiática.


Para o Eng. Diogo Sousa Pinto, a vertente mais importante do trabalho florestal é conciliar a proteção biológica, a promoção de habitats e a manutenção do Património Natural e Cultural com as expectativas do público, garantindo o seu acesso e fruição. Cada intervenção é pensada a longo prazo, com sensibilidade paisagística e rigor técnico, mesmo que isso implique processos mais morosos.


“A Serra de Sintra é um espaço único, Património da Humanidade,

que estamos a modelar

para as próximas gerações.

O objetivo é que, daqui a vinte anos,

quem cá vier encontre

uma floresta saudável,

diversificada e resiliente.” 







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