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Paisagem Cultural

Updated: May 13

A Serra de Sintra sofreu uma profunda alteração no século XIX. A paisagem natural, estéril e rochosa, marcada por séculos de desflorestação, deu lugar a uma realidade completamente diferente.  


A ação de um conjunto de pessoas orientadas pelo espírito do Romantismo, na Natureza, em combinação com uma área pontuada por grandiosos monumentos, como o Palácio Nacional de Sintra e o Palácio da Pena, e com exemplos, mais ou menos extravagantes, de arquiteturas de veraneio, como o Palácio de Monserrate ou a Vila Sassetti, harmonizaram o cenário da serra, criando uma atmosfera única e luxuriante, que só pode ser entendida como um todo. Este carácter único, e uno, levam à sua inscrição como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 1995, enquanto «Paisagem Cultural» (a primeira dentro desta categoria). 


Conforme a origem dos agentes desta transformação, podemos reconhecer diferentes variantes do movimento romântico europeu em Sintra, sendo os exemplos mais emblemáticos o caso do Parque e Palácio de Monserrate, marcado por uma influência inglesa, que recua a finais do século XVIII, e o do Parque e Palácio da Pena de influência germânica, sob orientação do rei-consorte D. Fernando II. 


Ao percorrer o Parque da Pena, somos imbuídos do espírito que ditou e orientou a sua conceção e programa, sendo surpreendidos por um ambiente exuberante e dramático, que suscita e estimula diversas e distintas emoções. 


Entrando num contexto influenciado pelo Romantismo, a exaltação dos sentidos é uma constante. O parque foi concebido para explorar cada um dos nossos sentidos, desde a visão – através das várias perspetivas, cantos e recantos inesperados, paisagens de cortar a respiração ou cores que nos surpreendem -, o tato – através das texturas de elementos como pedras, folhas, flores e troncos ou a variação da sensação de frio ou calor, por exemplo -, a audição – através do som do vento, dos pássaros ou mesmo do silêncio e, por fim,  o paladar – que podia ser explorado através da ingestão de frutos e bagas recolhidas ou do sabor fresco da água das fontes e o olfato - um dos principais sentidos a ser estimulado, sobretudo através do aroma das diferentes espécies, algumas mais ativas em determinadas alturas do ano, como é o caso das que se encontram no Caminho Perfumado do Parque de Monserrate. Ao colocar-se cada um dos sentidos em ação (exceto o paladar, não permitido no Parque), despertam-se emoções, característica fundamental do Romantismo. 








O Romantismo foi um movimento artístico e cultural que teve início na Alemanha, em finais do século XVIII. Terá surgido como reação ao Neoclassicismo e culto da razão Iluminista e ainda como reação à Revolução Industrial, tendo-se valorizado a emoção, o indivíduo, a subjetividade e a espontaneidade. Caracterizou-se pela expressão de sentimentos fortes, da fantasia, da nostalgia, da relação com a natureza de um gosto pelo passado. Os ambientes bucólicos e plácidos são substituídos por paisagens agrestes e exóticas marcadas pela desordem, aspereza e impetuosidade. O culto da Antiguidade Clássica cedia lugar ao gosto pela Idade Média, filtrada por uma lente de beleza nostálgica, de castelos, de misteriosas lendas e tradições, da tradição popular e oral, de histórias de cavaleiros nobres e princesas encantadas. 


Os jardins do Romantismo atestam a revolução que esta expressão dita. Assim, estes são espaços onde a Natureza parece dominar o ambiente, onde o papel do jardineiro é praticamente irreconhecível, onde os caminhos são sinuosos e as surpresas são constantes e onde as espécies botânicas devem ser o mais exóticas, insólitas e variadas possível, tornando-se espelho de espécies botânicas vindas dos quatro cantos do mundo. 


A multiplicidade de espécies, numa coleção eclética e ávida de reunir o maior número e variedade possível surge como marca incontornável do espírito romântico. No entanto, a importância que conferiam às histórias, lendas e simbologias associadas às espécies botânicas ditou que não se limitassem a simbologias sem sentido, escolhendo-as de modo criterioso. Para se entender a opção por algumas dessas espécies e a sua implantação num determinado local é necessário conhecer os seus significados e simbologias.  






CURIOSIDADES

Sabia que o Parque da Pena tem cerca de 85 hectares? Ora, um campo de futebol tem, em média, 0.75 hectares. Assim, o Parque da Pena equivale a aproximadamente 113 campos de futebol (85 / 0.75 = 113,333)

SUGESTÕES

Enquanto colecionador, D. Fernando II revelou uma tendência para o ecletismo, tão característico do Romantismo, e que terá consequência direta no programa do Parque. A dimensão cenográfica desta criação eclética e romântica ditou a sua conceção à luz do conceito de obra de arte total (Gesamtkunstwerk), resultando num espaço onde os visitantes são frequentemente surpreendidos por se encontrarem no seio de um cenário de tal modo luxuriante e dramático que seria digno de uma ópera wagneriana.


Abra o link e percorra, por alguns minutos, caminhos e espaços do Parque ao som da ópera “Parsifal” de Richard Wagner. 

 

Veja, ainda, o vídeo sobre a introdução da tradição da Árvore de Natal feita por D. Fernando II

 

E se quiser saber mais, veja de novo o programa Visita Guiada emitido a 16 de novembro de 2016.



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